Alfredo Carlos Scremin, professor de educação física do Colégio Marista Paranaense por 37 anos, foi o precursor do Clube de Pais. Homenageado nesta temporada pela equipe Futsal Scremin, foi ele quem deu início as peladas despretensiosas que deram origem à competição que disputamos nos dias de hoje. Figura conhecida por seus bordões, vários jogadores que atuam na nossa competição foram seus atletas como alunos do colégio ou pela equipe do Futsal Scremin, motivo do nome da equipe homenageada. Uma lenda que já nos deixou, mas tem a garantia que será eterno na lembrança de todos.
Quem nos conta um pouco desse início de história é sua esposa Euzeli. “No começo, ele telefonava para uns amigos irem jogar bola lá no colégio no sábado à tarde. O Eloir Trovão, o Pasinato, pai da professora Nara Pasinato, entre outros. Ele levava as camisas e bola. Abria o colégio e fechava quando terminava a partida e todos saiam”, comentou Euzeli. “Com o tempo foram aumentando os amigos e resolveram fazer um campeonato, o Troféu Costela. Tinham medalhas e, no final, eles comemoravam com uma costela, outras vezes com um churrasco, mas era em um formato bem menor e com poucas pessoas”, relembrou.
O Clube de Pais era uma extensão de sua vida dentro do Marista e, com o tempo, o grupo foi aumentando. Uma das grandes alegrias do professor de Educação Física foi a entrada de “guris” que foram seus atletas e puderam passar a dividir o campo. “Ele gostava muito de estar lá, pois ele foi sempre de agregar. Ele que conversou com o irmão Frederico para abrir para ex-alunos jogarem também. Ele ficava feliz em ver pai e filhos juntos, jogando”, destacou.
Durante muitos anos, ele recebeu várias homenagens, mas uma ficou marcada. “Quando o troféu recebeu o nome dele, pois foi uma homenagem quando ele já estava doente e tinha se afastado do Clube de Pais há algum tempo. Ele ainda comentou comigo um dia: ‘Estou vivo para receber esta homenagem! Alguém reconheceu meu trabalho!’. Ele ficou muito feliz com essa”, afirmou Euzeli.
Muitos atletas foram seus alunos. Maranhão, que se aposentou dos gramados no final de 2018, pode abrir a lista. Foi jogador do Scremin no Curitibano. E a lista segue com Márcio Matador, Átila, Marcet, Bizinelli, os irmãos Nato, Tampa e Du (os últimos dois também foram auxiliares do Futsal Scremin), Pisca, Igão, Joma, Thiago Ernani, Léo Sá, Belonzinho e por aí vai. “Em cada aluno ele tinha um filho”, comentou Euzeli.
E não podemos deixar de citar os famosos que não atuam conosco, mas fizeram parte da longa lista de histórias e pérolas do Scremin. Como esquecer a famosa história do volante Zé Elias, contada por muitos anos durante as aulas de Educação Física. Gustavo Lazzaretti e Pedro Ken também fazem parte da lista de jogadores de futebol profissionais.
“Ele sempre achou que todos nós temos uma missão perante a sociedade. A dele era ser educador! E ficava muito feliz quando ex-alunos vinham até o colégio para visitar e agradecer a participação dele na sua educação”, destacou.
Sobre a póstuma homenagem do Clube de Pais na comemoração dos 40 anos da competição, mais alegrias. “Ele gostava de estar no Clube, pois depois do jogo tinha sempre a resenha e ele sempre teve opinião muito forte. Mas a homenagem foi maravilhosa! E mais uma vez o reconhecimento de pais e alunos pelo seu trabalho. Valorizou o que ele sempre acreditou: o esporte e a educação unindo a família”, afirmou.
Se você é um pai novo e não teve o privilégio de conviver com essa lenda, segue uma pequena amostra. Foram 37 anos de Marista, Scremin parou de trabalhar apenas em novembro de 2016 e nos deixou em janeiro de 2017, devido a um câncer. No dia do seu velório, funcionários do local perguntaram se era uma figura pública, pela quantidade de pessoas presentes, a grande maioria ex-alunos. E se você quer saber se ele tocou a vida desses alunos? “Momentos marcantes foram as constantes visitas no hospital. Teve um aluno que ia quase todos os dias”, concluiu Euzeli.
